8 de setembro de 2008

O Cativeiro, uma obra de dores

A FICÇÃO - Kianceta e Ottawa (CHEMAKOKP 05), uma história de seqüestro, desespero, desencontros, amor e morte. Belle MacKeever voltou para Boston uma nova mulher, com um filho mestiço nos braços e um novo conceito de "selvagem", tudo graças a um despertador. Para essa loura, bela como Candice Bergen e modos refinados, o convívio com uma outra raça, considerada inferior, felizmente, não foi nefasto. No entanto, longe da ficção, na vida real, nem sempre acontece assim...

O FATO - Em 1838, missionários ingleses, chefiados pelo Dr. Marcus Whitman, chegaram ao Oregon para estabelecer contato com os índios Cayuse. A relação com os nativos era amistosa, até que, em novembro de 1847, uma epidemia de sarampo dizimou grande parte da aldeia. Acusados de envenenamento, missionários e imigrantes foram quase todos chacinados, entre eles o Dr. Whitman e sua esposa. Outros foram feitos reféns...Lorinda Bewly, jovem de 17 anos, professora, foi escolhida para ser esposa de Cinco Corvos, chefe Cayuse. Historicamente, ela foi resgatada pelos soldados de Fort Vancouver, duas semanas após o massacre.

A OBRA - O Cativeiro (The Captive - 1891), óleo sobre tela (dimensão não especificada), apresentado, pela primeira vez, no Salão de Paris em 1892. Atualmente encontra-se em exposição permanente no Phoenix Art Museum, Arizona.

Eanger Irving Couse mostra em seu quadro um cenário bem mais dramático: Lorinda está deitada dentro da tenda de Cinco Corvos, amarrada pelos pés, inconsciente, com grave ferimento na altura do pulso esquerdo e sua face tem a palidez da morte. Sendado ao lado do corpo da jovem, desconsolado, incapaz de entender o ato suicida e a aversão por ele, está o chefe Cayuse. O artista aborda em seu trabalho duas culturas distintas e o choque, muitas vezes trágico, que ocorre quando justapostas.

O ARTISTA - Eanger Irving Couse (1866 – 1936) importante artista norte-americano, dedicou-se a retratar a vida e hábitos dos índios de seu país. Em seus trabalhos, óleo sobre tela, ressalta a poesia e a filosofia do povo indígena e não o seu lado selvagem e bélico. Iniciou sua carreira em sua cidade natal, Saginaw, Michigan, desenhando os Chippewa, seus vizinhos. Estudou em Chicago e Nova York. Especializou-se em Paris. Artista premiadíssimo, suas obras estão expostas em museus dos Estados Unidos e do mundo. Membro fundador da Sociedade dos Artistas de Taos, Novo México, em 1912, foi eleito seu primeiro presidente. Taos significa “madeira vermelha” na língua Tiwa. Couse teve seu maior reconhecimento quando seus trabalhos com temas indígenas foram reproduzidos pelos calendários da Atchison, Topeka e Santa Fé Railway Company.


João Guilherme

3 comentários:

Anônimo disse...

Fantástica matéria, JG, está à altura da obra.
Parabéns meu Amigo, o blogue está cada vez melhor, saiba que o visito todos os dias.

Abraços,

Sílvio Introvabili

Anônimo disse...

Faço minhas, as palavras do Sílvio.
AMoreira.

JoguL disse...

Também gostei de fazer essa matéria. Percebi sua importância assim que vi o quadro The Captive, que me foi enviado pelo AMoreira.

Comentários como os dos Amigos é que nos mantém na lida e sempre tendando melhorar, afinal um blog sobre Ken Parker tem que estar à altura da personagem e de seus autores.

Abraço,
João Guilherme.