29 de março de 2008

KEN PARKER no Brasil - TENDÊNCIA

Depois de UM PRÍNCIPE PARA NORMA, o CLUQ (Clube dos Quadrinhos) em parceria com a Tendência Editorial Ltda, dá início a um projeto, no mínimo, ousado: relançar, no Brasil, toda a primeira série de KEN PARKER, os 59 números da aventura, em edições no seu formato original (16 X 23 cm), papel e impressão de qualidade, capa com orelhas e 104 páginas.

Mais uma vez, depois de 10 anos, renascia a esperança de ler aqueles já famosos quatro episódios que concluíam a série, A PROPÓSITO DE JÓIAS E TRAPAÇAS, O SICÁRIO, GREVE (considerada pela crítica especializada como a melhor história de Rifle Comprido) e OS GAROTOS DE DONOVAN.

A tradução, a cargo de Júlio Schneider, é fiel aos originais italianos e, assim, RIFLE COMPRIDO (KP 01), MINE TOWN (KP 02), OS CAVALHEIROS (KP 03) e HOMICÍDIO EM WASHINGTON (KP 04) são lançados no 2º semestre de 2000, este último na Comix Book Shop, em 09 de dezembro, com a presença de Ivo Milazzo (a editora distribui cartões comemorativos ao evento com cenas importantes da história de KEN PARKER: uma página de LAR DOCE LAR e a arte da capa de GREVE. Um terceiro cartão, com um close do scout, sai junto com a 1ª edição).

A Tendência, em 2001, publica outras quatro edições: CHEMAKO (KP 05), SANGUE NAS ESTRELAS (KP 06), SOB O CÉU DO MÉXICO (KP 07) e GRANDE GOLPE EM SÃO FRANCISCO (KP 08), este foi o último número da parceria. A partir de 2002 o CLUQ assumiria a Coleção KEN PARKER de vez.

CURIOSIDADES:

1. RIFLE COMPRIDO traz, na orelha da 1ª capa, informações sobre as séries da Cepim (Itália), Vecchi (Brasil) e apresenta a coleção da Tendência; o expediente vem no verso do frontispício; na página 04, as biografias de Berardi e Milazzo; o prefácio de Sergio Bonelli (quando do lançamento de KEN PARKER pela Editoriale Cepim) e o prefácio assinado pelos autores do herói (quando do lançamento de KP Serie Oro, pela Parker Editore) estão nas páginas 05 e 06; anúncio do próximo episódio na penúltima página e na orelha da 4ª capa a relação de todos os números da coleção.

2. CHEMAKO não apresenta seu subtítulo (aquele que não se recorda), certamente para não modificar o layout da capa. Em KP 05 as biografias de Berardi e Milazzo passam para a 1ª orelha e o expediente para a página 04, verso do sumário.

3. A Coleção KEN PARKER da Tendência/Tapejara não apresenta a série Rastos no Vento.

João Guilherme

27 de março de 2008

KEN PARKER no Brasil - CLUQ (1ª parte)

"... Aos poucos, aventura atrás de aventura, o seu modo de enfrentar problemas complexos, nunca abordados, conquistou – ou melhor, reconquistou – uma nova geração, que havia abandonado a leitura dos quadrinhos porque não conseguia encontrar nenhum personagem que refletisse sua sensibilidade e amadure-cimento”... assim Sergio Bonelli, em seu prefácio para a edição de UM PRÍNCIPE PARA NORMA, do CLUQ (Clube dos Quadrinhos), define KEN PARKER, uma declaração de peso, tão importante para a história editorial de Rifle Comprido no Brasil quanto a publicação em si, um primor.

Logotipo em relevo na capa negra, lombada quadrada, formato 21 X 28 cm, papel de qualidade, P&B, 130 páginas, UM PRÍNCIPE PARA NORMA é o segundo episódio de KEN PARKER lançado pelo selo independente de Wagner Augusto. Edição limitada, chega ao mercado em 2000, com as artes de Ivo Milazzo e Giorgio Trevisan, no roteiro impecável de Giancarlo Berardi. Na ordem cronológica da saga, é nessa aventura que o scout deixa Boston, após os acontecimentos narrados em GREVE (KP 58) e OS GAROTOS DE DONOVAN (KP 59).

ONDE MORREM OS TITÃS narra a história de Alexandra, uma garota que se faz passar por rapaz (Alex) e Orion, um menino com Síndrome de Down e poderes extra-sensoriais. Com essa aventura, lançada em 1999, em dois volumes de 34 páginas cada, formato magazine, tiragem limitada (os mil exemplares do número 1 são numerados), o CLUQ, depois de cinco anos, trás, novamente, Rifle Comprido aos leitores brasileiros. São edições dignas do herói e uma mostra do que estava por vir, Wagner Augusto, representante legal da personagem no Brasil e também um apaixonado, estava para iniciar uma longa cruzada que recolocaria KEN PARKER em seu devido lugar, tão cultuado como nos tempos da velha Vecchi, mas essa é uma outra história.

Na cronologia, ONDE MORREM OS TITÃS enquadra-se entre UM PRÍNCIPE PARA NORMA e UM HÁLITO DE GELO.

João Guilherme

25 de março de 2008

KEN PARKER no Brasil – ENSAIO


Maio de 1994, Rifle Comprido está de volta, para a alegria dos fãs brasileiros e, desta vez, em uma edição de luxo, capa com orelhas, desenho inédito de Milazzo (no Brasil), papel acetinado, formato 20 X 27 cm e sua distribuição atinge apenas as grandes bancas de jornal e livrarias especializadas.

O álbum da Editora Ensaio apresenta duas histórias, a primeira é curta, sem texto e a cores, trata-se de OS CERVOS, publicada na Itália, pela primeira vez, na revista Orient Express 20 (abr/1984). CUCCIOLI, juntamente com outras três aventuras breves (SOLEADO, LA LUNA DELLE MAGNOLIE IN FIORE e PALIDE OMBRE) formaria aquela que ficou sendo a obra-prima de Berardi & Milazzo, IL RESPIRO E IL SOGNO, conhecida no Brasil como “Primavera, Verão, Outono e Inverno”.

A segunda história, em P&B, também surgiu nas páginas de uma revista de autor, a Comic Art. Trata-se de UM HÁLITO DE GELO, produzida originalmente a cores, 46 páginas divididas em quatro capítulos (Comic Art 37 a 40). É o episódio que antecede a SILÊNCIO BRANCO (KP 01 – Mythos).

Apesar da boa vendagem, o álbum da Ensaio não teve continuidade. Motivo, o editor não pagou os direitos autorais devidos.


  • A editora paulista utilizou a capa do álbum KEN PARKER Avventure in Acquerello, da Ken Parker Editore (out/1993).
  • Fonte: A Volta de KEN PARKER, de Worney Almeida de Souza – Super Club! nº 3, Editora Canaã.

João Guilherme

24 de março de 2008

KEN PARKER no Brasil – BEST NEWS


KEN PARKER volta a circular no Brasil depois de longa ausência. Esta série foi publicada pela Editora Vecchi até o volume 53, quando a editora fechou...”, com essas palavras, na 2ª capa, dando início à apresentação do herói, a Best News Editorial, em dezembro de 1989, relançava Rifle Comprido em nosso mercado. Foram longos seis anos e três meses de espera, acompanhando, de longe, pelas páginas especializadas em quadrinhos dos jornais, o que ocorria na Velha Bota.

Na Itália, a série Collana West e os cartonados A BALADA DE PAT O’SHANE (Arnoldo Mondadori Editore) e ADAH (Editoriale Lo Vecchio) já tinham sido publicados e a Parker Editore, a todo vapor, relançava a 1ª série do scout na sua KEN PARKER Serie Oro.

A editora paulista também mostrava fôlego, estava disposta a dar continuidade à série de onde esta parou, assim, sua primeira edição trouxe o episódio 54, BOSTON, a arte de Milazzo em fundo lilás, degradê (a capa ficou muito bonita, mais viva que a original italiana), mas no mesmo formatinho que reservaram aos fumetti bonellianos por aqui e que perdura até hoje. Era plano da Best News concluir a saga e depois recomeçar, tudo de novo. Os kenparkerianos estavam felizes e confiantes, o que poderia dar errado, só faltavam mais cinco capítulos...ASSALTO À LUZ DO DIA (KP 55), no entanto, só apareceu em março de 1990, elogios de vários jornais na 2ª capa e, na penúltima, a promessa de uma nova edição...que nunca veio. O motivo, o fim da divisão de quadrinhos da editora. Outros títulos cancelados: Jonny Quest, Concreto e Tartarugas Ninjas.


  • Fonte: A Volta de KEN PARKER, de Worney Almeida de Souza – Super Club! nº 3, Editora Canaã.

João Guilherme

23 de março de 2008


20 de março de 2008

KEN PARKER no Brasil - VECCHI

Em seus 70 anos de existência a Editora Vecchi publicou uma grande variedade de livros e revistas, abordou todos os gêneros: romance, ficção, técnicos, álbuns de figurinhas, mas se destacou como uma editora de quadrinhos. Fundada em 1913, por Arturo Vecchi, vai ficar na história como a editora de Grande Hotel, Spektro, Chet, Chacal, Histórias do Faroeste, Zagor, Tex (seu maior sucesso) e KEN PARKER. A Vecchi lançou em seu formatinho (13,5 X 17,5 cm.) 53 episódios da 1ª série de Rifle Comprido e sua coleção foi bem fiel àquela publicada pela Editoriale Cepim. Mesmo tendo lançado VINGANÇA! (nov/1978) um ano e cinco meses após a estréia de LUNGO FUCILE (jun/1977) e apesar de todos os problemas que enfrentou, a editora brasileira manteve uma melhor regularidade que a atual SBE. Caso não tivesse decretado falência, deixado o título em agosto de 1983, a seis números do final, certamente teria que esperar pela editora italiana que só lançou OS RAPAZES DE DONOVAN (KP 59) em maio de 1984, embora os constantes atrasos eram da responsabilidade da dupla de criadores.

A Vecchi não obedeceu literalmente a tradução de alguns títulos de KEN PARKER, preferindo adaptá-los para uma melhor compreensão de seus leitores, assim entenderam seus editores. Ao todo foram seis modificações: VINGANÇA! (RIFLE COMPRIDO – KP 01), OS REVOLUCIONÁRIOS (OS CAVALHEIROS – KP 03), ENCONTRO EM SÃO FRANCISCO (GRANDE GOLPE EM SÃO FRANCISCO – KP 08), ASSALTO EM CANYON CITY (A CIDADE QUENTE – KP-13), HOMENS, FERAS E HERÓIS (HOMENS, BESTAS E HERÓIS – KP 15) e O RESGATE DO RANCHO TWIN T (NO ALTO DA MONTANHA – KP 24). No entanto, traduziu fielmente o quinto episódio: CHEMAKO, aquele que não se lembra.

RASTOS NO VENTO, era uma seção com palavras e escritos dos índios da América, ilustrada por Ivo Milazzo, que marcou a segunda capa das edições 02 (MINE TOWN) até a 21ª (O JULGAMENTO DE DEUS), com exceção dos números 01 (VINGANÇA! que trouxe uma biografia do herói), 12 (que apresentou letra e música de A BALADA DE PAT O’SHANE, de autoria de Berardi) e 13 (ASSALTO EM CANYON CITY, uma propaganda). Na série da Cepim KP 13 também veio com a poesia índia.

NÚMERO DE PÁGINAS: De acordo com a necessidade, a Vecchi alterava a quantidade de páginas de seus formatinhos, Rifle Comprido circulou com 100, 116, 118 e até 132 delas. A revista publicou HQs dos irmãos Wilde e Watson Portela, Bill Sanguinário em SOB O CÉU DO MÉXICO (KP 07) e Chet (que mais tarde ganhou seu próprio título) em seis capítulos seguidos, do número 8 (ENCONTRO EM SÃO FRANCISCO) até ASSALTO EM CANYON CITY (episódio 13º). As propagandas, a maioria de outras publicações da editora, também ajudaram a engrossar os volumes.

CORREIO DO KEN PARKER: o intercâmbio entre leitores e editores não teve vida longa (pelo menos nas páginas da revista do scout), circulou em apenas seis edições (KP 07 a KP 12).

FRONTISPÍCIO: apareceu pela primeira vez em SOB O CÉU DO MÉXICO e desapareceu em RANCHERO! (KP 14).

EXPEDIENTE: migrou várias vezes pelo gibi. Nos primeiros cinco números apareceu na 3ª capa; em KP 06 (SANGUE NAS ESTRELAS), página 113; nas edições que apresentaram o frontispício esteve no seu verso; a partir de HOMENS, FERAS E HERÓIS até o número 29 (O MAGNÍFICO PISTOLEIRO) foi para a 2ª capa, dividindo espaço com Rastos no Vento, enquanto este foi divulgado e retornou à penúltima capa em AS COLINAS SAGRADAS (KP 31), onde ficou até o fim da publicação. Nos volumes 14 e 30 (LAR DOCE LAR) não foi apresentado.

NÚMEROS PUBLICADOS E PRÓXIMO LANÇAMENTO: Quando não estavam maculando a 4ª capa de KEN PARKER, o que aconteceu nos episódios 15 a 21 (o mesmo ocorreu na coleção da Editoriale Cepim, só que na Itália o estrago foi maior, apelaram para esse recurso a partir de COLPO GROSSO A SAN FRANCISCO), se
mpre acompanharam o expediente. As edições 52 e 53 já não informavam o próximo lançamento.

CURIOSIDADES:

1. SANGUE NAS ESTRELAS (KP 06) veio com uma tarja negra (canto direito alto) anunciando o aumento do número de páginas.

2. Parte da tiragem de CAÇADA NO MAR (KP 09) saiu com a página 08 invertida. A Vecchi, percebendo o erro, interrompeu a impressão e fez a correção. Não sabemos, no entanto, quantos exemplares são perfeitos e o número dos defeituosos. Posso afirmar que existem as duas versões.

3. TERRAS BRANCAS (KP 10) trouxe em sua penúltima página um pedido de desculpas pelo ocorrido com a edição anterior, e republicou, em seu verso, a página perfeita.

4. HOMENS, FERAS E HERÓIS (KP 15) apresentou em sua capa (canto direito inferior) um vale de Cr$ 3,00 na compra de Comanche 02 ou Zagor 18.

5. O CASO DE OLIVER PRICE (KP 28), foi a primeira edição de KEN PARKER a não apresentar toda a arte de Milazzo (extensiva até a 4ª capa), embora o desenhista a tenha realizado por completo. Na Itália, a Cepim utilizou a última capa para divulgar o lançamento do álbum o Homem das Filipinas. A Vecchi reimprimiu, limpa, a arte da primeira capa (sem logotipo e título).

6. O MAGNÍFICO PISTOLEIRO (KP 29), Milazzo, pela primeira vez, só desenha para a capa principal. A editora brasileira resolveu o problema usando o mesmo recurso da edição anterior.
7. DIREITO E AVESSO (KP 36), encartada uma carta-resposta para a aquisição do álbum Tex e o Ídolo de Cristal.

8. CRÔNICA (KP
37) e O POETA (KP 38), impressos em outro tipo de papel, mais encorpado que o jornal.

9. A DOIS PASSOS DO PARAÍSO (KP 44), dois tipos de papel. Edição de junho de 1982, no expediente, no entanto, consta abril de 1982.

10. SANGUE VERMELHO (KP 49), encarte vendendo um curso de inglês.

11. PRÓXIMA PARADA: STOCKTON (KP 51), edição fora de padrão, medindo 13,5 X 18,5.

12. A FÚRIA DE NAIKA (KP 52, saiu em julho de 1983, com seis meses de atraso.

13. OS PIONEIROS (KP 53), agosto de 1983, o último episódio de KEN PARKER publicado pela Editora Vecchi.



OBS: Nos números 33, 34, 35, 36, 37, 38, 40, 41, 43, 44, 45, 47 e 49, a Vecchi, substituiu o fundo branco das capas por cores de um mal gosto a toda prova, raros são os casos que a troca não foi um desastre.

João Guilherme

17 de março de 2008

AMoreira: Arte e bom viver!


01- Em poucas palavras, quem é Antonio Carlos Moreira?
Antonio Carlos Moreira é um cara que nasceu em Niterói, no Rio de Janeiro, tentou ser primeiramente desenhista, depois engenheiro e hoje ganha a vida como Gerente da Contabilidade de uma Metalúrgica.
Nascido em 1949, gosta muito da vida em família, e de churrasco e cerveja em casa ou na casa de amigos.
É apaixonado pela vida no campo e histórias em quadrinhos de faroeste.
Não tem muitos amigos, mas é extremamente leal aos que tem.

02- Agora, defina AMoreira?
Amoreira já foi ACarlos.
Desde quando comecei a rabiscar meus heróis, em papéis que meu pai me trazia de seu trabalho, assinava meus desenhos como ACarlos, e assim o fazia quando estava na EPA (Escola Panamericana de Arte).
Quando abandonei a carreira (tentativa) de ilustrador, para ganhar a vida como Contador, por volta dos meus 20 anos, ACarlos foi abandonado com ela.
Depois, na fase mais madura de minha vida, quando comecei a me dedicar à pintura de quadros, óleo sobre tela, nasceu o Amoreira, pintando o interior brasileiro, paisagens e as cidades históricas de Minas Gerais.
Amoreira é um apaixonado pelas artes gráficas, seja ela em forma de desenho, pintura ou qualquer outra.
A pessoa do Amoreira não teria sobrevivido até hoje se não fosse essa paixão, que mesmo no exercício de outras atividades, nunca deixou de se interessar pela arte, seja como admirador ou como partícipe.

03- Você foi daqueles que aprendeu a ler com os quadrinhos?
Ainda hoje vejo a minha imagem, bem criança, nas bancas de jornal folheando “gibis”.
Não sei se aprendi a ler com os gibis, ou se os gibis me levaram a aprender a ler, o que me lembro é que sempre tive uma quantidade muito grande de gibis, e que havia um grande fluxo de crianças lá em casa trocando gibis de todos os gêneros, esse era o meu negócio quando criança.

04- Qual foi o seu primeiro herói no papel, já era um caubói?
Lembro-me que meus heróis preferidos eram o Cavaleiro Negro, o Fantasma, o Mandrake, o Ferdinando e o Brucutu, nesta ordem, e tinha também aqueles faroestes em forma de talão de cheques.
Acredito que os “caubóis” já estavam em primeiro lugar, uma vez que meus desenhos naquela época eram quase que exclusivamente sobre faroeste.

05- Cite outras personagens que você gostava.
Reportando-me àquela época, lá pelo final dos anos 50, me lembro que lia todos os faroestes, e eram muitos naquela época, tinha os dois Zorros, Hopalong Cassidy, Red Ryder, Flecha Ligeira, Durango Kid, Cisco Kid, Buck Jones, Roy Rogers, Rock Lane, Davy Crockett, Rei da Polícia Montada, Paladino do Oeste e tantos outros que levaria uma página inteira para nominá-los, sem falar em Tarzan, Ferdinando, Príncipe Valente e a Turma do Pererê.


06- Você é capaz de se lembrar do seu primeiro gibi, ou qual foi aquele que marcou sua infância, o mais especial?
Não me lembro do primeiro, não, mas com certeza o especial foi aquele em que eu identifiquei, pela primeira vez, uma cena erótica, já que minha principal diversão naquela época era reproduzir os abraços e beijos entre os “heróis” e as “mocinhas”, só que com menos roupas (he, he, he).

07- Fale da sua história com a saudosa Editora Vecchi.
Meu primeiro contato com a Editora Vecchi, uma verdadeira fábrica de heróis, foi numa visita programada pela escola em que estudava na época, coordenada pela nossa professora de Artes, naquela época era matéria obrigatória, lembra?
Conhecemos todo o processo de produção gráfica de uma revista, e ganhamos muitas revistas, retiradas do estoque de encalhes. O interessante é que naquela ocasião, pensávamos que todas as histórias (roteiro e desenho) eram produções de artistas brasileiros.
Depois desta visita, aprendido o caminho, atravessei muitas vezes a Baía da Guanabara, para bater às portas da editora pedindo doação de revistas, foram tantas as visitas que fiquei conhecido, e a minha entrada era franqueada sem nenhum problema, minha coleção era enorme, e o comércio de troca de revista só fazia aumentar, uma vez que eu trocava uma (que eu tinha), por duas usadas do interessado na troca.
Ah! Que saudade da Vecchi!

08- Quando descobriu que sua segunda paixão era o western?
Quando percebi que os heróis do faroeste eram pessoas que poderiam ter realmente existido, que diferentes dos super-heróis, viveram em cidades das quais há referências históricas, eram desbravadores, pioneiros, colonizadores antes de qualquer coisa.

09- Que "moçinho" (nós somos daquele tempo) despertou essa paixão?
Sem dúvida o Cavaleiro Negro.

10- O que o atraia mais, os filmes ou os gibis?
Esta é uma pergunta difícil de se responder, os gibis reproduziam uma época melhor que os filmes, uma vez que naqueles tempos não havia a tecnologia e os efeitos especiais de hoje, e os bang bangs eram assistidos nas matinês de domingo por capítulos e as cópias dos filmes eram horríveis.
Muito tempo depois, assisti Sete Homens e Um Destino, filme impagável, que revejo até hoje, com a mesma emoção.
Hoje existem filmes com fotografias lindíssimas, que reportam uma beleza inigualável, reproduzindo qualquer época de forma magistral, mas creio que os álbuns de faroeste franco/belga ainda superam qualquer produção cinematográfica do gênero.


11- Pergunta difícil, os cinco melhores atores do Bang Bang?
Neste caso são sete: James Stewart, Alan Ladd, John Wayne, Clint Eastwood, Gregory Peck, Gary Cooper e Burt Lancaster, em qualquer ordem.

12- Os cinco melhores filmes?
Na realidade vou indicar seis: Sete Homens e Um Destino, Rastros de Ódio, Meu Ódio Será Sua Herança, Três Homens em Conflito, Era Uma Vez no Oeste e os Brutos Também Amam.

13- Os cinco melhores heróis cavaleiros dos gibis?
Cavaleiro Negro, Cisco Kid, Tex Willer, The Lone Ranger e Red Ryder, poderia listar outros heróis do faroeste, mas acho que não se enquadram na pergunta que é sobre cavaleiros.


14- E quando descobriu que gostava de desenhar?
Quando descobri que não podia comprar todas as revistas que gostaria, e que nem sempre, as cenas mostradas nos quadrinhos eram aquelas que eu gostaria de ver, foi quando passei a dar a minha versão (subverter) dos roteiros.

15- O que você rabiscava?
Principalmente ilustrações com cenas de faroeste e mulheres nuas.

16- Agora vamos falar de sua primeira paixão, as mulheres (que você não fica sem desenhar).
Não sei o que falar, mas eu acho que nós, que fomos de uma geração cuja educação era muito conservadora, buscávamos caminhos que nos permitissem desenvolver nossa sexualidade, cada um dentro de suas possibilidades, a minha era o desenho.
Lembre-se que naquela época não havia revistas masculinas especializadas, e se existiam não tínhamos acesso, então criávamos o nosso próprio veículo, o meu era o desenho, então eu olhava as modelos vestidas nas revistas de modas, ou na revista O Cruzeiro (lembra?) e as desenhava sem roupa e fazia o maior sucesso, recebia inúmeras encomendas dos colegas do bairro e da escola.



17- E a EPA (Escola Panamericana de Arte)?
Não me lembro precisamente quando, mas fiz o Curso dos Famosos Artistas, na EPA, antes dos 18 anos de idade, antes disso já havia feito um curso de Desenhista Projetista.
Foi uma fase mágica, quando eu recebia trabalhos corrigidos ou orientados por profissionais de quem eu era fã naquela ocasião.
Foram 12 meses em que passei sonhando que no futuro seria um artista de renome nacional.


18- Quem foi Carlos Zorian?
Bom, Carlos Zorian foi um cara que viveu uns dois anos, entre os meus 17 e 20 anos, mais ou menos.
Carlos Zorian embarcou no sucesso de Carlos Zéfiro (não é a toa que eles têm as mesmas iniciais) para descolar uma “graninha” naqueles anos difíceis de estudante.
As edições de suas revistas se esgotavam rapidamente, quando vendidas, clandestinamente, nas portas dos colégios e bancas de revistas de rua.
Uma vez meu pai encontrou uma dessas produções e apenas me disse: “Não deixe que sua mãe veja uma coisa desta”. Meu pai sempre foi meu maior incentivador.
Depois chegaram as famosas revistas suecas no mercado brasileiro e o filão se esgotou.


19- Por que o homem encarcerou o desenhista?
Resposta fácil.
Porque não consegui ganhar o dinheiro que pretendia para realizar os meus projetos financeiros com esta profissão, ou porque não tinha talento suficiente para fazer sucesso.

20- Você morou fora do Brasil, fale disso.
A primeira vez que sai do País foi para os EEUU, fui para Tulsa, uma cidade nos estado de Oklahoma.
Oklahoma é conhecido como o estado em que “A América é mais nativa”, e eles se orgulham disso. Lá pude ler e ver um pouco do que realmente foi o velho oeste e a colonização, e como vivem, hoje, os índios em reservas.
Estive também, por conta da empresa em que trabalhava, em quase todos os países da América do Sul, e ainda no México, o que fez crescer em mim um sentimento latino – americano muito grande.

21- E o contador, permitia algumas horas ao AMoreira?
Permitia e ainda permite, por volta dos 45 anos resolvi me dedicar, nas horas vagas, à pintura, óleo sobre tela, e aí nasceu o Amoreira, e o ilustrador ACarlos ficou esquecido.


22- Com os seus quadros, participou de exposições?
Já participei, sim. De exposições coletivas e individuais, tendo até já exposto em Praças Públicas.



23- A aposentadoria está batendo à sua porta, você está desenhando com mais frequência, chegou a vez do AMoreira?
Tenho como objetivo paralelo à minha aposentadoria, a criação de uma Gráfica e Editora, voltada unicamente para a publicação e divulgação de trabalhos de artistas brasileiros, quer seja da ilustração ou de quaisquer outras artes plásticas, usando a ferramenta da Internet.
O incentivo de alguns novos amigos (o entrevistador é o principal deles) me fez voltar a desenhar (praticar), e quem sabe esteja mesmo chegando a hora do Amoreira mostrar de novo a sua cara?

24- Tem planos de criar sua própria HQ?
No momento tenho, sim, mas são só planos, idéias, possibilidades.
Quem sabe participo de algum projeto de alguém com mais experiência do que eu no assunto.
25- Para um possível roteirista interessado, quais os elementos que não podem faltar em sua HQ, além de mulheres nuas (...risos...)?
Certamente não poderá ser uma história contemporânea, terá que ser alguma coisa do século 19 para trás.

26- Você tem um filho desenhista, que conselhos dá a ele?
Na realidade ele é que me dá conselhos com relação a todos esses recursos modernos, agora disponíveis, e me censura por ter abandonado o meu sonho, em troca da estabilidade financeira.
Ele já tem o perfil gráfico de seu personagem, e navega muito bem em todas as técnicas, faltando apenas ser descoberto por uma editora.
Ainda peca em querer fazer muitas coisas ao mesmo tempo, mas isso o tempo resolverá.
Quando ele não está na faculdade ou no trabalho, esta desenhando, e isso está lhe dando o domínio das ferramentas que utiliza.
Ele desenha à mão livre sobre papel, ou desenha através do Corel (também à mão livre), se utilizando do Tablet, diretamente no P.C..
Eu ainda desenho na “prancheta” com lápis, pena e pincel, da forma que eu acho mais prazerosa.
Tenho o orgulho presunçoso de achar que ele herdou todo este talento de mim.
Ele está no caminho certo, vai chegar lá.


27- Um conselho para aqueles que querem ser desenhistas ou que estão começando na profissão.
Não desistam, pratiquem muito, no mínimo 8 horas por dia, porque nesta profissão só a prática levará à perfeição, e não fiquem no âmbito familiar ou da amizade, ou seja, mostrem seus trabalhos para estranhos, pois os parentes e amigos sempre vão elogiar, e vocês nunca saberão o quanto são bons.

28- Agora vamos falar de KEN PARKER, como você o vê?
A parceria Berardi & Milazo foi perfeita e KP é fruto dessa perfeição. Costumo dizer que Milazzo é arte em forma de HQ e KEN PARKER, a sua maior expressão.



29- Quando se deu seu contato com Rifle Comprido?
Veja você como são as coisas, eu, um colecionador de HQ de faroeste, só tomei conhecimento dele quando a Mythos resolveu publicá-lo aqui no Brasil.
Acho que o problema foi que, quando ele saiu pela Vecchi, eu estava fora do Brasil, não sei.

30- Para um expert no gênero, esse encontro foi tardio (...risos...)?
Sim, muito tardio, mas hoje tenho quase todos os números da Vecchi (me faltam dois), todos os da Mythos, oito da Tendência/Tapejara, alguns do Cluq e outros, em italiano, que ganhei de amigos.
Se eu fosse listar os três personagens que mais gosto, KEN PARKER estaria entre eles, mas não o incluo na lista dos três primeiros do Bang Bang.
É claro que ele viveu lá no velho oeste, mas não é uma personagem tradicionalmente de bang bang.
Ele é muito mais glamuroso, discute a consciência humana, e vive suas aventuras em paisagens maravilhosas, se relacionando com o homem e a natureza de forma magistralmente harmoniosa.


31- Tem que escolher, as cinco melhores histórias?
Escolho três: A CARAVANA DONAVER (KP 17/18, Mythos) , ADAH (KP 46, Vecchi e Tapejara) e UM PRÍNCIPE PARA NORMA (CLUQ).

32- As três piores?
As três piores são: A TERRA DOS HERÓIS, A TERRA DOS HERÓIS e A TERRA DOS HERÓIS.

33- Aquela que você abomina (...risos...)?
A TERRA DOS HERÓIS (KP 12, Mythos).

34- KEN PARKER é um cult, no entanto, em nenhum país, nem mesmo na Itália, conseguiu se auto-custear, comente. Não acho, e não sei, se a série lançada pela Vecchi deu prejuízo, se desse prejuízo não iría até o número cinqüenta e tantos. Acredito até que se fosse relançada agora no Brasil teria um bom desempenho de vendas.

35- Fale de Berardi.
Falo de Berardi elogiando seu estado de graça quando da parceria com Milazzo, na criação de KEN PARKER e outros álbuns, pois, sinceramente, não vejo nada de excepcional em seus trabalhos solo.

36- Fale de Milazzo.
Esse sim tem luz própria, sempre o defino como “aquele que faz arte com histórias em quadrinhos”.
Tudo aquilo que censuram nele é arte, os amantes das histórias em quadrinhos, e não vai aqui nenhum demérito a estes leitores, não estão acostumando a ver arte neste veiculo de expressão visual. .

37- Além de KEN PARKER, quais outras obras da dupla você conhece?
Conheço e tenho toda a obra da dupla lançada no Brasil.

38- Como se posiciona quanto a uma possível continuação da saga de Rifle Comprido?
Sou contra a saída dele da prisão, KP foi uma história com princípio, meio e fim, e gosto de histórias (sagas) assim.
A liberdade resultaria em sua volta à Boston e a vida na cidade grande, trabalhando em fábricas e etc., que é a parte que eu menos gosto. Lembre-se que minha paixão é o oeste distante (far west), e não as cidades do leste ou do nordeste americano.
Mas penso que poderia haver novas aventuras, extraídas de suas lembranças anteriores a sua prisão.

39- O que levou você a uma nova interpretação das cenas desenhadas por Milazzo?
A vontade de mostrar a um amigo este meu lado contestador, que gosta de subverter ou fazer releituras dos seus heróis preferidos.
Considero isso uma homenagem.

40- Como é desenhar KEN PARKER, já se sente a vontade com o scout?
Estou pegando o jeito, na realidade isso faz com que eu pratique, e com a prática eu vou recuperando a velha forma e me preparando, quem sabe, para um vôo solo.
Este é meu objetivo, se preciso praticar, então que seja com algo que me dê prazer.

41- Se a última palavra fosse sua, qual seria o final da história de KEN PARKER?
Ele voltaria para as montanhas, para viver o final de seu tempo em harmonia com a natureza.

42- Mais alguma coisa que queira falar?
Que nunca nos falte um gibi para ler, ou filme de faroeste para assistir.
Abraços e obrigado.
Amoreira.



  • Nós é que agradecemos ao Amigo e desejamos, sempre, contar a com sua arte no KEN PARKERBlog.
João Guilherme

12 de março de 2008

KEN PARKER encontra Xaxado


Esta é uma homenagem a um artista brasileiro, baiano. Seus desenhos e histórias, publicados nos principais jornais e editoras do País, romperam fronteiras e chegaram a Cuba, Portugal e Angola. Natural de Miguel Calmon, cresceu e se formou professor primário em Jacobina, interior da Bahia e seus primeiros heróis foram Tarzan, Super-Homem, Capitão Marvel, Fantasma, Mickey, Pato Donald e demais personagens Disney. Seus ídolos, os desenhistas Jayme Cortez, Flávio Colin, Shimamoto, Gedeone, Nico Rosso, Edmundo Rodrigues, Ziraldo, Maurício e outros, todos da década de 60, mais brasileiros.

Antônio Luiz Ramos Cedraz é o criador de A Turma do Xaxado, personagens infantis, cujas histórias abordam a temática nordestina. Com seu trabalho ganhou prêmios e menções honrosas em concursos e exposições no Brasil e exterior, entre eles o troféu como destaque no 2º Encontro Nacional de Histórias em Quadrinhos, realizado em Araxá (MG), em 1989; quatro troféus HQ MIX (1999, 2001, 2002, 2003) e o Prêmio Ângelo Agostini de “Mestre do Quadrinho Nacional



Lúbio, A Turma do Joinha, ATurma do Pipoca, Guris & Cia. são outras criações do artista. Publicações das editoras Nova Sampa, Press Editorial, Escala, Cedibra, Grafitti.

Cedraz é membro da Associación Latino-Americana de Historietistas, do Instituto Baiano do Livro e da Associação Baiana de produtores de literatura Infantil e Juvenil.

O que esse brasileiro e sua obra tem em comum com o KEN PARKERBlog?
Em uma de suas visitas ao Brasil, Ivo Milazzo, homenageou o pai de Xaxado com o desenho abaixo, honra que não é para qualquer um.




KEN PARKERBlog

7 de março de 2008

UM GOLIAS QUE ADORAVA FÍGADO DE ÍNDIO...

Jeremiah Johnson, homem das montanhas interpretado por Robert Redford, no filme de Sydney Pollack (Warner Bros – 1972) e que levou Berardi e Milazzo a criarem KEN PARKER, existiu realmente? A película baseia-se no romance Mountain Man, de Vardis Fisher e na história Crow Killer, de Raymond Thorp e Robert Bunker. Várias pesquisas na Internet e nada de concreto. Alguns sites comentam, superficialmente, que foi um montanhês famoso por comer fígados (dos Crows?), Liver-Eating'Johnson; há aqueles que defendem que era um exímio combatente com os pés, tinha um chute tão potente que derrubava seus inimigos, na maioria índios; fala-se que esteve no Colorado entre 1810 e 1840 e outros apelam para o absurdo, que media 6 metros de altura, pesava 250 quilos, cabelos e barba “ruivo flamejante”, que matou 300 Crows, para vingar a morte de sua squaw. Há até uma fotografia, vai saber?

Mas o motivo desta postagem são as duas estátuas que encontrei, ambas dedicadas à Jeremiah. A primeira, claramente baseada em Robert Redford, é de autoria de Andrea Miniaturas, pertence à série El Dorado Oeste, à venda na Toy Soldier Maquetas
(o site não informa o material e a dimensão da peça, mas o preço é convidativo EUR 18,80).

A segunda peça é fenomenal, feita em bronze, pelo artista Elie Hazak (1945), natural de Jerusalém, que se autodenomina “o caubói judeu de Israel”. Especialista em modelar índios, caubóis e montanheses, seus trabalhos estão em permanente exposição no Museu Thomas Gilcrease, em Tulsa, Oklahoma.
Hazak, certamente, se deixou impressionar pela lenda do gigante, pois sua obra é o próprio colosso. A estátua mede 81,28 cm.



João Guilherme