LILY E O CAÇADOR
Montana, dezembro de 1875, inverno rigoroso, um posto avançado de Forte Shaw, em pleno território dakota, um capitão inexperiente, um scout chamado KEN PARKER e uma cadela presa em uma armadilha para lebres. Com esses elementos, Berardi escreveu uma das mais belas e comoventes histórias de Rifle Comprido. Até aí nenhuma novidade, o Mestre é capaz de compor uma ode para um alfinete.
A arte de Milazzo conclui magistralmente LILY E O CAÇADOR (KP25 – Vecchi e Tapejara).
Montana, dezembro de 1875, inverno rigoroso, um posto avançado de Forte Shaw, em pleno território dakota, um capitão inexperiente, um scout chamado KEN PARKER e uma cadela presa em uma armadilha para lebres. Com esses elementos, Berardi escreveu uma das mais belas e comoventes histórias de Rifle Comprido. Até aí nenhuma novidade, o Mestre é capaz de compor uma ode para um alfinete.
A arte de Milazzo conclui magistralmente LILY E O CAÇADOR (KP25 – Vecchi e Tapejara).
Ferido gravemente, PARKER é o único a escapar do ataque dakota. Com a ajuda de Lily (assim batizada em homenagem a Tiger Lily, uma famosa pin-up da época), consegue se livrar do ataque de lobos famintos e se abrigar em uma caverna. A dor é insuportável, em seu delírio busca refúgio na mãe e em Camelot, uma narrativa gráfica que vai ficar na história de Ivo Milazzo. O despertar é desesperador, a lança cravada em seu ombro esquerdo, a flecha, na perna direita, a febre, o frio, a sede são prenúncios de um fim terrível. Ao seu lado, Lily a tentar encorajá-lo. A fidelidade do animal é comovente, faz o leitor voltar à infância, à companhia do cão companheiro capaz de tudo pelo amigo.
O tempo se arrasta e vem a fome. O momento crítico da aventura, a luta interior de KEN para não se alimentar da amiga. Nos traços de Milazzo o olhar de cumplicidade da cadela contrasta terrivelmente com a agonia do scout. É uma história de desespero, sofrimento e angústia. Ao mesmo tempo, uma história de companheirismo e amor. Após extrair a lança e a flecha, cauterizar os ferimentos e alimentar-se dos restos dos lobos, o caçador se sente mais forte. Outro momento emocionante, quando Lily enfrenta o amigo para proteger o filhote da ursa que KEN PARKER abateu.
Em condições de retomar a marcha, homem e animal partem à procura de ajuda. No caminho, o corpo congelado de um montanhês, seu rifle e um bilhete: “Meu nome é Eliah Boone. Um urso quebrou minhas pernas. Não posso me mover. Meu cachorro fez o impossível por mim. Agora acabou. Avisem minha família em Helena.” Essa passagem é inspirada no filme Jermiah Johnson (Mais Forte que a Vingança). Robert Redford encontra um caçador congelado, também ferido mortalmente por um urso. No seu bilhete de despedida, dedica a quem encontrá-lo, seu rifle Hawkin, calibre 50, a arma que Jeremiah tanto desejava.
Lily salva a vida de Rifle Comprido mais uma vez, quando, esgotado, ele adormece vencido pelo frio. A cadela fareja a presença de homens e os conduz até o caçador. KEN é socorrido, mas onde está a companheira? Desapareceu, voltou para a companhia de seu verdadeiro dono, para sempre. Os últimos quadrinhos, capazes de amolecer o coração mais insensível, como toda a história, como todos os episódios do scout. Berardi e Milazzo, sempre, mexendo com a emoção de seus leitores.
LILY E O CAÇADOR também foi publicada, à cores, na KP Collana West 20 (abr/1987), em álbum de luxo (2003) lançado, simultaneamente, pela Lizard (italiana), Asa (portuguesa), Norma (espanhola) e Ligne D’Ombre (francesa) e em novembro de 2007, na edição comemorativa dos 30 anos de KEN PARKER, da Panini Comics. Essa edição também contém as histórias CHEMAKO e ADAH.
LILY é uma homenagem à cadela LILLA de Ivo Milazzo.
João Guilherme
2 comentários:
Neste "conto" podemos observar a 'veia poética" de Berardi.
Perfeita integração do homem com o animal e a natureza.
AMoreira.
Quando li esta historia, na Vecchi, não exitia esta febre de grafic novell e hq com roteiros mais elaborados, tudo era o básico. Até chegar essas maravilhas do Berardi que cada edição é uma verdadeira gafric novell!!
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