12 de maio de 2008

MUITO ALÉM DO VELHO OESTE!

Dois comentários em nossa postagem de 1º de Maio, Dia do Trabalho, e aqui estou, novamente, falando de GREVE (KP 58). Disse o grande irmão Amoreira, “KEN PARKER trabalhando numa fábrica...Meu Deus tudo menos isso!!!!” De fato, um homem das montanhas nas ruas de Boston, participando de uma passeata de grevistas, reconheço, não faz parte de um bom faroeste.


O amigo Rafael se colocou no outro extremo: “E essa história é fabulosaaaaa”. Também tenho que concordar, essa aventura é fenomenal, a começar por sua capa (ver postagem de 13/01/2008).

KEN PARKER é um homem de hoje, com os problemas de hoje. Não tem nenhuma certeza, nenhuma segurança, vive dia após dia com seus próprios ideais, buscando ardentemente, desesperadamente, corajosamente e dolorosamente ser coerente”, assim Berardi define sua maior criação e foi isso que encontramos em toda a saga de Rifle Comprido: Um homem. Sensível, guerreiro, solidário, vingativo, apaixonado, desiludido, leal, incompreendido. Um homem de todas as partes do mundo e todas as épocas.

Berardi, simplesmente, não narra as aventuras de um americano nascido em Buffalo, Wyoming, em 1844, que passa a vida com seu rifle Kentucky e seu cavalo adestrado, convivendo com ursos, índios, soldados, bandidos, xerifes, dançarinas de saloon e doses de whisky.


KEN PARKER é uma releitura de parte da história dos Estados Unidos da América. Da extinção de um povo, condenado em nome de um progresso que passa pela revolução industrial, portanto, sim, nosso montanhês bem que podia estar em Boston, em 1880, participando de um movimento de reivindicações trabalhistas.

A genialidade da dupla Berardi e Milazzo vai ao extremo em GREVE ao abordar o tema trabalho-capital e suas consequências.

As ilustrações falam por si...no último quadro podemos localizar em uma multidão de operários Karl Marx (filósofo alemão, autor de O Capital), Fidel Castro (implantou o Socialismo em Cuba), Trockij (bolchevista, líder comunista), Lenin (um dos responsáveis pela Revolução Russa), Josef Stalin (ditador russo) e, segundo o livro KEN PARKER Lungo Fucile, de Puddu e Giordani, Mao Tsé-Tung (fundador da República Popular da China).



João Guilherme

9 comentários:

Anônimo disse...

Não fosse eu um aficcionado do "gênero faroeste", e fã de K.P. exatamente por isso, sem dúvida nenhuma exaltaria estas histórias vividas em Boston, troque K.P. por qualquer outro (novo) pesonagem e eu dou nota 10 para essas aventuras.
Como fã de Ken, sonho com sua saida da prisão e o seu retorno às montanhas, para retormar sua vida em comunhão com a natureza.
AMoreira.

JoguL disse...

Grande Irmão!
Ken Parker é e sempre será um homem livre, uma prova? Seu desenho magnífico, ele com Teddy (para nós sempre Theba), nas Rochosas, naquele cenário de pura paz (estou enganado?). Berardi pode dizer que ele está preso, tudo pode indicar para isso, EU NEM LIGO, Rifle Comprido tem o espírito dos homens livres. Ele matou aquele policial por acreditar no direito à liberdade, assim como deixou o Montana e foi para Boston a procura do filho, POR SER LIVRE para fazer o que bem
de direito. Confesso que prefiro
os episódios APACHE, UM HOMEM INÚTIL, LILY E O CAÇADOR, mas nenhuma outra personagem chegou a Boston (não me refiro a cidade em si, mas à ousadia de um escritor).
Imagine, apenas imagine, Tex, Zagor, Rock Lane, O Cavaleiro Negro, The Lone Ranger nessa situação...daí eu digo ISSO É IMPOSSÍVEL, mas para Ken Parker, não. E creia, ele continua, apesar de tudo, LIVRE, nasceu para ser assim.
Abraço,
João Guilherme.

Anônimo disse...

Amigo.
Foi pensando em Ken (saido da prisão)que fiz aquele desenho.
Meu roteiro seria assim, com ele saindo da prisão, buscando seu Filho (adotivo) em Boston e levando-o de volta as suas origens,nas montanhas, mostrando-lhe as maravilhas da natureza, e ensinando-o a viver em harmonia com ela.
Abraços.
AMoreira.

Gustavo Ribeiro disse...

Mas ele na fábrica, e junto com os trabalhadores em greve, tem tudo a ver com o personagem. Ken sempre ficou do lado dos oprimidos, sejam eles índios, negros, imigrantes, gays, mulheres, ou até animais.

Quanto ao fato dele terminar na prisão, a série que a Mythos publicou continua exatamente desse ponto, não é? Faz tempo que não releio essas histórias, mas parece que houve um artigo nos primeiros números comentando sobre o que aconteceu antes.

E com essa deixa, vou agora mesmo reler toda a série da Mythos. :)

JoguL disse...

Oi, Guga!
A série da Mythos inicia com Rifle Comprido foragido. A sequência correta é: Ken mata um policial, é ferido e se recupera nos subterrâneos da cidade, protegido por um bando de meninos marginalizados (BOSTON e OS GAROTOS DE DONOVAN, KP 58 e 59 - CLUQ); Em UM PRÍNCIPE PARA NORMA (CLUQ/2000) deixa Boston junto com uma companhia teatral; ONDE MORREM OS TITÃS (CLUQ/1999), trabalha como lenhador na região dos Grandes Lagos (onde conhece Alex (Alexandra) e Orion, um garoto com Síndrome de Down e em UM HÁLITO DE GELO (Ensaio/1994), sempre fugindo, reaparece no Canadá, na companhia de Kamoose. No final dessa aventura Alec Browne, seu maior perseguidor, é ferido, gravemente,por uma flecha. É aí que entra o material da Mythos, em SILÊNCIO BRANCO (KP 01 - Mythos), ainda na companhia de Kamoose, nosso herói encontra Fanny Reid, a perigosa caçadora de recompensa, com quem vive uma relação de ódio e amor. Ken Parker é preso, ou melhor, se entrega para o xerife Bruce Lusky na aventura A MARCA DE McCORMACK (KP 13 - Mythos). Espero ter podido ajudar.
Abraço,
João Guilherme.

Gustavo Ribeiro disse...

Ajudou sim, e muito, João Guilherme! Obrigado mesmo, eu andava meio perdido com a cronologia do Rifle Comprido.

Eu achei que ele tinha sido preso no final da primeira série (ainda não li os últimos 4 números da série original que o Cluq publicou). Escrevi pensando em "Um Hálito de Gelo", foi lá que vi Ken matando o policial em flashback. Tenho amigos policiais, mas neste caso dei razão ao Ken, claro!

Pra refrescar a memória, nestes últimos dois dias eu reli o álbum da Editora Ensaio, mais "Um Príncipe para Norma", "Onde Morrem os Titãs" (que continuo detestando...), e comecei a reler a série da Mythos. Ao contrário da série da Vecchi, eu só tinha lido essa edições uma vez, quando as comprei.

Só fiquei com uma dúvida: na Itália foram 19 edições? E a Mythos publicou apenas 18? E aqueles 4 álbuns especiais que saíram depois que a série acabou (na Itália, digo), foram histórias fora da cronologia ou elas continuaram a seqüência do que ocorreu depois do nº 19?

Desde já, obrigado, e mais uma vez, parabéns pelo excelente trabalho com o blog!

Abraço,

- Guga

Lucas Lins Muniz Pimenta disse...

Vamos lá, Guga!

ONDE MORREM OS TITÃS é uma história que, apesar de fazer parte da cronologia oficial de Ken Parker, pode ser considerada a parte. Nela, Rifle Comprido não passa de um coadjuvante, vale mesmo a história de Alex(Alexandra) e Orion, vai me dizer que você não vibrou quando ele explodiu aquele tarado?

Eu também prefiro os 59 episódios, UM PRÍNCIPE PARA NORMA, ONDE MORREM OS TITÃS E UM HÁLITO DE GELO. O material lançado pela Mythos tem histórias magníficas, mas...já é um outro Ken Parker...

A série lançada pela Mythos (18 edições) tem como base a Ken Parker Collezione, da SBE (13 edições), que, por sua vez, republicou somente as histórias de Rifle Comprido da coleção Ken Parker Magazine (36 edições), da Parker Editore/SBE. De 36 para 18 é uma bela reduzida, não? Mas, creia, todos os episódios do scout foram publicados na íntegra, com excessão da história do Dylan Dog, IMMAGINI, onde Ken faz uma pontinha
(KP Magazine 23 e/ou KP Collection 35, da Panini Comics italiana.

Quanto a esses 04 últimos volumes do CLUQ, você não vai conseguir lê-los (...risos...), são 04 histórias coloridas, sem texto, maravilhosas:
FILHOTES, A LUA DA MAGNÓLIA EM FLOR, SOLEADO E PÁLIDAS SOMBRAS.
FILHOTES é a aventura OS CERVOS, também publicada no álbum da Ensaio.

Abraço,
João Guilherme.

Gustavo Ribeiro disse...

Eh... Sou novo neste negócio de postar comentários, eu sempre acabo me expressando mal. É igual deixar mensagem em secretária eletrônica, eu me embanano todo e ninguém entende bulhufas.

Esses álbuns mudos que o Cluq lançou ainda estão na minha lista de compras futuras, eu também não os li ainda (fala sério, hein: que raio de fã sou eu?!), mas eu quis dizer os 4 últimos da série original, com a história onde ele mata o policial safado. Aqueles que a Best News ameaçou lançar, e nada. Deus abençoe Wagner Augusto.

Não dá, João Guilherme. Aquela "Onde Morrem os Titãs" não desce nem com suco de uva. O tal do Orion deve ter saído de algum gibi da Marvel, não tem nada a ver com o mundo de Ken Parker. Acho que o Berardi tinha esgotado o repertório de "coadjuvantes oprimidos precisando de solidariedade" e resolveu dar uma de Stan Lee. "MUTANTES!" Ugh. Com exceção de um ou outro momento de seu humor fino típico, é quase perda total. E outra: na Itália também saiu em duas edições?

Mas não dá pra negar uma coisa: ler uma história do KP naquele formatão é bom demais, hein? Ah, se fossem todas assim!

Hã... eu acho que entendi sua explicação das fontes das 18 edições da Mythos. Não sei aonde foi, mas parece que eu vi que a última edição italiana demorou meses pra sair, e quando saiu, foi como edição dupla, 18/19, com o final da história "Epílogo do Urso Negro". Não estou na minha casa agora e não tenho como confirmar, mas lembro de uma da Mythos chamada "Crepúsculo do Urso Negro", e lembro também que na capa estava "HISTÓRIA COMPLETA!"

É, as histórias da Mythos são de um outro Ken Parker mesmo. Mas pelo menos uma, que reli hoje, tem um final de emocionar até serial killer no corredor da morte: "O Eterno Vagabundo", no terceiro número. Espero não ter errado o título, é aquela onde o Ken serve de guia pra dois irmãos zoólogos (acho) e um deles mata o filhote da ursa. Rapaz, aquele personagem esquimó merece um lugar na galeria dos coadjuvantes inesquecíveis de KP, junto com o Dash Fox e a Pat O'Shane!

E esse bendito encontro do Dylan Dog com Ken Parker, será que um dia vamos ver em português? Espero que sim!

Abraços,

- Guga.

JoguL disse...

Oi, Guga!
Esses 04 últimos episódios publicados pelo CLUQ concluem a 1ª série de Ken Parker e são vital importância para a vida de Rifle Comprido.

Mas Orion é duplamente excepcional, é portador de Síndrome de Down (retardo mental) e Telecinese (capacidade de mover objetos com a força da mente) e qualquer ser humano pode apresentar essas anomalias, não precisa ser herói Marvel...
ONDE MORREM OS TITÃS foi publicada na revista Comic Art e, acredite, em cinco capítulos, depois foi reunida, algumas vezes, em uma só edição.

Você leu sobre a KP Magazine nº 19/20 aqui no KEN PARKERblog, ver postagem de 18/04/2008.

A sequência KEN PARKER no Brasil também é bem clara quanto o que foi publicado em nosso país.

A Mythos publicou, na medida do possível, as histórias completas. Essa não era a preocupação da KP Magazine, que publicava junto com Rifle Comprido histórias de outros personagens Bonelli (Tex, Mister No, Dylan Dog) além de contos e outros textos, porisso a coleção foi até o nº 36.

Abraço,
João Guilherme.