5 de janeiro de 2009

KEN PARKER de ONTEM...de SEMPRE!

Um montanhês e seu rifle Kentucky, uma arma de caça... Era essa a proposta de Giancarlo Berardi e Ivo Milazzo a Sergio Bonelli, em 1974, para uma única história a ser publicada na revista Collana Rodeo. O atual responsável pela SBE (Sergio Bonelli Editore), no entanto, se empolgou com a personagem inspirada no filme Jeremiah Johnson, de Sidney Pollack...três anos depois, em junho de 1977, KEN PARKER estreava na Itália, pela Editoriale Cepim e o mundo dos mocinhos e bandidos sofreu um nocaute ímpar.

O herói intangível cede lugar ao homem cheio de dúvidas, que nem sempre vence suas batalhas; a alma humana e suas tendências agora cavalga nas pradarias, deixando de lado o simplesmente bruto e o constantemente digno; prostitutas fúteis e sorridentes se mostram mulheres amargas e carentes; brancos e índios se confundem no mesmo ódio, cobiça e desejos; negros e amarelos continuam sendo negros. E todo esse turbilhão de emoções humanas, brilhantemente, conduzido por Berardi na arte de Milazzo.

Rifle Comprido tornou-se, rapidamente, reverenciado por críticos, artistas e uma legião de fãs na Itália, Brasil, França, Turquia, Espanha, Portugal, Croácia e demais países onde foi publicado, apesar de sua vida editorial inconstante e jamais ter se tornado um sucesso de vendas.

Em uma sociedade onde rótulos são imprescindíveis, KEN PARKER, então, tornou-se cult (culto em inglês), denominação para tudo relacionado com a cultura popular (cinema, quadrinhos, televisão, música...), e possua um número de seguidores dedicados. Os fãs procuram, através de grupos de discussão na Internet, convenções e lojas especializadas manter contato entre si. Alguns grupos são tão ativos que recebem denominações...no nosso caso, "kenparkerianos", como registrado no livro KEN PARKER, Un Uomo Una Leggenda(Um homem, uma legenda), publicação da Associazione Culturale Alex Raymond (set/2001).

O que torna uma obra cult? Ficção-fantasia: Jornadas nas Estrelas, Senhor dos Anéis...; boa qualidade (sucesso comercial): Guerra nas Estrelas, South Park, Sandman (Neil Gaiman)...; baixa qualidade (fracasso comercial): filmes B das décadas de 40, 50 e 60... e obscuridade: fãs de um gênero se dedicam a encontrar o maior número possível de obras dentro de sua área de preferência. Obras menos conhecidas têm a vantagem de estarem livres das expectativas e super-exposição comuns às obras de sucesso, o que, além de tornar seu consumo e apreciação mais imparcial, permite aos seus autores uma maior liberdade de explorar os territórios criativos de seu gênero, tornando-as mais ricas em detalhes característicos da sua linhagem... Sem dúvida é o caso de KEN PARKER.


João Guilherme

Um comentário:

Anônimo disse...

Parabéns ao João Guilherme pela matéria.
Amoreira.