PAIXÃO PARA NINGUÉM BOTAR DEFEITO!
A paixão não tem idade. É para jovens de todas as idades. Interessante como certas frases feitas combin
am direitinho com certas situações, especialmente quando se adentra o mundo maravilhoso das Histórias em Quadrinhos. KEN PARKER foi criado por dois jovens genoveses com seus vinte e poucos anos de idade que decidiram direcionar seus talentos artísticos para os gibis e, de caso pensado ou não, revolucionaram a forma de contar histórias por imagens seqüenciais. Um pouco com a bagagem cultural de jovens contestadores dos efervescentes anos 60 e um pouco com o desejo de contar aventuras de um jeito diferente do que se via, o fato é que os hoje (quase) sessentões entraram para a História como autores revolucionários. E, embora não admitam e sintam-se até um pouco constrangidos e muito emocionados quando ouvem isso, tornaram-se autores cultuados. Ao contar e cantar os feitos de Rifle Comprido, Giancarlo Berardi e Ivo Milazzo colocaram a alma nos textos e nos desenhos, de início a alma de autores com menos de trinta e depois a alma de cinqüentões. A única coisa que mudou de idade foi o corpo físico, porque a alma e o estilo de narrar mantiveram-se sempre os mesmos, sempre elevados. Tanto foi colocado de alma e paixão que nós, jovens leitores dos 8 aos 80, sentimos isso e nos identificamos com o personagem e vivemos com ele suas aventuras, seus problemas, seus amores, suas decepções... e a sua dor, engaiolados com ele numa prisão de onde talvez
nunca mais saia. E ele está preso por amor. Sim, pelo amor de seu criador. A publicação de KP já foi interrompida na Itália duas vezes e em ambas o herói saiu de cena sem que sua saga fosse concluída, ele partiu de repente e nos deixou órfãos, curiosos e ansiosos: "e agora, como ele vai se safar dessa?". As duas interrupções foram abruptas, justificadas pelo "simples" fato de que o número de leitores era insuficiente para cobrir os custos de sua publicação. E insistir seria dar um tiro no pé, seria queimar dinheiro - o que, além de ser sintoma de loucura, é crime. Assim como nós, leitores, Berardi gostaria muito que seu filho predileto saísse da prisão, vivesse as aventuras que ainda tem direito a viver, até achar um cantinho para se recostar e ter seu Happy End. Mas depois de duas mortes editoriais, Berardi não quer que seu rebento morra no meio do caminho pela terceira vez, ele não quer recomeçar a contar as histórias e, depois de duas ou três edições, ter que ouvir o editor dizer "Pode parar por aí, está dando prejuízo". Seria uma violência e uma falta de respeito com o personagem, com os autores e - principalmente - com os leitores. A única forma de KEN PARKER nos contar o fim de sua saga é que algum editor iluminado (e muito, ma
s muito corajoso, suficientemente maluco e desprendido com relação a dinheiro) diga aos autores: "Vão fundo. Escrevam as histórias que faltam. Não me interessa se isso vai levar um, três, dez volumes. Mesmo que cada edição venda 5 exemplares, eu torro a grana, banco os prejuízos e publico até o fim". Alguém se habilita? Enquanto isso não acontece, vamos matando a saudade relendo à exaustão as histórias que existem, vamos imaginando como seriam as novas aventuras e vamos compartilhando a nossa paixão com outros "malucos saudáveis" como nós. E como João Guilherme e Lucas, os idealizadores deste blog. Dois jovens de gerações diferentes e que conheceram KEN PARKER em momentos distintos mas que têm a mesma idade espiritual indefinida que todo apreciador de bons quadrinhos tem. E a mesma paixão pelo herói: o "velhinho" João Guilherme conhece KEN PARKER desde sua primeira aparição no Brasil, pela Editora Vecchi, e quando o "jovenzinho" Lucas nasceu, essa série já havia sido interrompida. E aqui estão os dois, juntos mantendo viva a alma do personagem com o blog KEN PARKER. Do "nosso" KEN, porque todos nos consideramos partícipes da sua vida. So long, KEN! So long?! Que nada... até breve.
am direitinho com certas situações, especialmente quando se adentra o mundo maravilhoso das Histórias em Quadrinhos. KEN PARKER foi criado por dois jovens genoveses com seus vinte e poucos anos de idade que decidiram direcionar seus talentos artísticos para os gibis e, de caso pensado ou não, revolucionaram a forma de contar histórias por imagens seqüenciais. Um pouco com a bagagem cultural de jovens contestadores dos efervescentes anos 60 e um pouco com o desejo de contar aventuras de um jeito diferente do que se via, o fato é que os hoje (quase) sessentões entraram para a História como autores revolucionários. E, embora não admitam e sintam-se até um pouco constrangidos e muito emocionados quando ouvem isso, tornaram-se autores cultuados. Ao contar e cantar os feitos de Rifle Comprido, Giancarlo Berardi e Ivo Milazzo colocaram a alma nos textos e nos desenhos, de início a alma de autores com menos de trinta e depois a alma de cinqüentões. A única coisa que mudou de idade foi o corpo físico, porque a alma e o estilo de narrar mantiveram-se sempre os mesmos, sempre elevados. Tanto foi colocado de alma e paixão que nós, jovens leitores dos 8 aos 80, sentimos isso e nos identificamos com o personagem e vivemos com ele suas aventuras, seus problemas, seus amores, suas decepções... e a sua dor, engaiolados com ele numa prisão de onde talvez
nunca mais saia. E ele está preso por amor. Sim, pelo amor de seu criador. A publicação de KP já foi interrompida na Itália duas vezes e em ambas o herói saiu de cena sem que sua saga fosse concluída, ele partiu de repente e nos deixou órfãos, curiosos e ansiosos: "e agora, como ele vai se safar dessa?". As duas interrupções foram abruptas, justificadas pelo "simples" fato de que o número de leitores era insuficiente para cobrir os custos de sua publicação. E insistir seria dar um tiro no pé, seria queimar dinheiro - o que, além de ser sintoma de loucura, é crime. Assim como nós, leitores, Berardi gostaria muito que seu filho predileto saísse da prisão, vivesse as aventuras que ainda tem direito a viver, até achar um cantinho para se recostar e ter seu Happy End. Mas depois de duas mortes editoriais, Berardi não quer que seu rebento morra no meio do caminho pela terceira vez, ele não quer recomeçar a contar as histórias e, depois de duas ou três edições, ter que ouvir o editor dizer "Pode parar por aí, está dando prejuízo". Seria uma violência e uma falta de respeito com o personagem, com os autores e - principalmente - com os leitores. A única forma de KEN PARKER nos contar o fim de sua saga é que algum editor iluminado (e muito, ma
s muito corajoso, suficientemente maluco e desprendido com relação a dinheiro) diga aos autores: "Vão fundo. Escrevam as histórias que faltam. Não me interessa se isso vai levar um, três, dez volumes. Mesmo que cada edição venda 5 exemplares, eu torro a grana, banco os prejuízos e publico até o fim". Alguém se habilita? Enquanto isso não acontece, vamos matando a saudade relendo à exaustão as histórias que existem, vamos imaginando como seriam as novas aventuras e vamos compartilhando a nossa paixão com outros "malucos saudáveis" como nós. E como João Guilherme e Lucas, os idealizadores deste blog. Dois jovens de gerações diferentes e que conheceram KEN PARKER em momentos distintos mas que têm a mesma idade espiritual indefinida que todo apreciador de bons quadrinhos tem. E a mesma paixão pelo herói: o "velhinho" João Guilherme conhece KEN PARKER desde sua primeira aparição no Brasil, pela Editora Vecchi, e quando o "jovenzinho" Lucas nasceu, essa série já havia sido interrompida. E aqui estão os dois, juntos mantendo viva a alma do personagem com o blog KEN PARKER. Do "nosso" KEN, porque todos nos consideramos partícipes da sua vida. So long, KEN! So long?! Que nada... até breve. Julio Schneider
- Advogado, tradutor e um dos maiores colecionadores de quadrinhos, Julio Schneider, nas fotos: com Julia e Berardi, no 5º FIQ; em sua gibiteca - “ala kenparkeriana” e com Milazzo, em Chiavari, na região de Gênova.
2 comentários:
Belo, interessante e sentido texto do Grande Júlio Schneider!!!!
E um pormenor que me deliciou... uma das fotos foi tirada por mim, se bem que com a máquina do Júlio... falo da foto de Chiavari, foto que me trouxe (tal como o texto) maravilhosas recordações!
Parabéns ao blog KEN PARKER que já está fazendo furor na Web!!!!
E usando as palavras do Júlio, a quem peço humildemente desculpa por tal, digo "So long?! Que nada... até breve".
Zeca
Li o post lá no GibiHq... e vim logo conferir...belo trabalho de vcs., já tá no meus Favoritos...e já vou divulgar pros fãs de Fumetti aqui de Natal-RN...Boa sorte!!!
Postar um comentário